FILOSOFIA DE BUTECO # 5
Mea culpa! Mais eu juro que só bebi somente por que o bar estava aberto! Porque se estivesse fechado eu ... bem, eu..., eu pegava uma latinha no açougue!
Rememoremos nossa boa e velha filosofia de buteco, assaz profunda quanto um pirex de leite pra gato recém nascido.
Dos benefícios trazidos pelo convívio freqüente em mesa de bar (sim eles existem): por mais que se fale de passado ou futuro, o tempo ideal do bar é o agora! A espera por mais uma rodada de “chopim geladim”, como diria o mineiro, nunca é em vão ou desnecessária, pois quando o copo vêm a mesa todos encontram-se de prontidão e demonstram todo acolhimento que lhes é salutar.
O bar funciona melhor que consultório de psicanálise, pois é o (talvez único) lugar onde política, futebol, religião, sexo formam uma temática com assuntos conexos uns aos outros, dando ainda uma áurea toda mística e consuetudinária. Quer ver um assunto de grande relevância? Assuntamos dia destes de onde surgira a fila? É uma forma tremendamente organizada das pessoas aguardarem sua vez, e ninguém sabe bulhufas de onde surgira. Não tem lei que institua uma boa fila! Pronto, falamos de política, o sexo aparece quando ficamos a espreitar alguma rapariga de belos dotes... e se pensar em casamento então, nacredito, taí aparecendo a tal da religião (tanto o evento na igreja quanto o tal do “religare”).
Voltando ao assunto tema de hoje, “dos benefícios e coisa e tal”, a mística é tamanha que pode se desfazer os comentários de qualquer assunto assim num estalar de dedos e pedir pro garçom outra rodada. No day after ninguém mais sequer se lembra se isso fora dito ou apenas povoara nossos pensamentos, ou seja, pode ser mais um destes contos de deusas gregas, fadas e tudo mais.
Serve ainda pra lembrar aqueles assuntos proibidos no trabalho, a risada dada na hora errada, o dedão no nariz, os absurdos daquele juiz ladrão filho de uma... Os advogados criam grandes peças que entraram pros anais do direito de família, os engenheiros expõem as maquetes de suas super construções dignas do NatGeo, os dentistas nos põem boquiabertos dos avanços para clareamento dos sorrisos das incautas, os marqueteiros fazem merchan pra vender mais um cardume do seu peixe, e por aí vai.
A bebida que se sorve aos quatro cantos e balcão sepulcral é elemento deveras importante, pois é ela quem dita as regras do jogo e nunca resta claro a tênue linha entre o “tenho certeza” e o “ouvi dizer”. Falo horrores do meu time, o Zé compra mais uma fazenda, o Garganta pegou outra quarentona chiquetérrima, quem fuma maconha é contra a liberação, o Jão conta de novo que trocou de carro...
Sem essa de achar que estamos floreando demais o pavão, que conversa de bar não é nada disso e “pirirí e pororó”! É no bar que exacerbamos nossos sentimentos e nosso verdadeiro eu. Sim, lá nos erramos muitas vezes, mais como é muito chato estar certo o tempo todo, errar de propósito de vez em quando é tudo de bom pra dar mais emoção à vida, e levar uns sustos pra ter certeza que não morreremos tão fácil do coração.
E quem nunca teve uma grande idéia, destas de mudar a sua vida, em mesa de bar? Se você não registrar logo vai esquecer: pega logo num guardanapo de papel, escreve com “aquela” letra, e enfia no bolso: ou o suor vai derreter ou você no dia seguinte nem lembra dele, ou pior, não vai entender nada do que escreveu. Toca voltar todo mundo de novo pro bar pra tentar parir mais uma destas idéias típicas do Pink e do Cérebro, do Cérebro e do Pink!
Mais antes de levantar da cadeira, tomados por um destes pensamentos megalomaníacos de dominar o mundo e coisa e tal, apenas mentalizem o mantra sagrado: “já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”. Prost!
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