MINHA (NADA) GRANDE PACIÊNCIA
DIA DE SOL INTENSO
Na fila do banco, depois de uma audiência sem precedentes, a excelentíssima estava impossível. Duas e meia da tarde, segunda feira brava, o sol brilhando contente, e intenso como o calor de suar à sombra.
- Que calor não?
- É.
- Chega a ser desagradável não? Molha até o cabelo na testa, embaça o óculos...
- Pois é
- Em dias destes dá vontade de estar na praia, tomando caipirinha ou dormindo com o ar-condicionado ligado...
- É.
- Um amigo já dizia “companheiro, calor só é bom na beira mar”, e nós aqui!
- Pois é.
- Já vi tudo, essa fila não anda mesmo, vamos ficar aqui mais uma hora, tempo o bastante pra gente conversar...
- É.
Agora a mesma conversa, como eu realmente gostaria de ter respondido naquele dia de poucos amigos, e muito calor:
- Que calor não?
- Nacredito, acha mesmo? Nem tinha “botado reparo!”. Jura?
- Juro sim...
- Valeu por me avisar, não fosse você mal tinha notado...
- De nada. Chega a ser desagradável não? Molha até o cabelo na testa, embaça o óculos...
- Ta brincando né, a gente sua no calor? Nem percebi, estou de terno porque lí numa revista que as mulheres adoram homem de terno...
- Verdade, que revista? Em dias destes dá vontade de estar na praia, tomando caipirinha ou dormindo com o ar-condicionado ligado...
- Dá sim, todo dia, toda noite, faça chuva ou faça sol.
- Legal. Um amigo já dizia “companheiro, calor só é bom na beira mar”, e nós aqui!
- E você ouve muito esse seu amigo?
- Há tempos não, brigamos.
- Nacredito, já imaginava, por isso puxa conversa com qualquer um na fila. Na certa ele disse que você vai acabar pobre e sozinho!
- Hehe, nisso ele errou. Sozinho não, essa fila não anda mesmo, vamos ficar aqui mais uma hora, tempo o bastante pra gente conversar...
- Que pena, eu parei aqui só pra fazer uma horinha, não tenho conta neste banco, to indo embora. Passar bem.
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