quarta-feira, março 28, 2012

CURRICULUM VITAE*

Nacredito, parem o mundo que eu quero descer, e olha que eu nem peguei o bonde andando, mas sentei na “janelinha”.

Quando vamos atrás de um emprego é ordinário, em todos os sentidos da palavra, a apresentação do dito “Curriculum Vitae”, que torna explicito alguns dados daquele que busca a colocação profissional, tais como formação, experiência e coisa e tal. O currículo que analisaremos à seguir poderia tanto ser o meu como seu.

Nascido com o nome que papai e mamãe me deram, residente em casa bem legal: três quartos, uma suíte, living com sala, cozinha e sala de jantar, ah, ia me esquecendo do lavabo e do barzinho no canto direito. Quintal pro cocker ou labrador correr; piscina, ou não (tanto faz, afinal nem gosto tanto assim de sol); churrasqueira e forno de lenhas, e por quê não? Flores, somente pra dizer que não falei das flores..., ops, essa não é bem a casa onde nasci, mas espero ao menos que meu rebento cresça numa destas aí.

Fones são sim todos aqueles: celular somente enquanto tiver bateria; comercial é o do emprego atual, isso até encontrar outro que pague mais. E-mail também tem, mas vive cheio de spam: não agüento mais “correntes” e receitas disso e daquilo. Vez ou outra vem uma mensagem interessante. Faceboock? Tenho tambem, é só curtir aí!

Nacredito, mas o objetivo é sim buscar recolocação profissional, de acordo com meus anseios e necessidades, sendo essas de realização tanto profissional quanto financeira, e blá-blá-blá blá-blá-blá, no melhor estilo tudo-ao-mesmo-tempo-agora, pois aquela coisa de preencher vaga sobrante é pouco original.

Experiência profissional? Se tenho! Já trabalhei com muito papel... rabisquei na infância, depois reciclei, já arquivei, também até já assinei, mas antes fiz quase de tudo, até casa na arvore e de corrida de carrinho de rolimã participei; cortei a “tampa do dedão” jogando bola na rua, fiquei com a língua roxa de tanto chupar sorvete de uva e amora (“vou contar pro seu pai que você namora!”, hehehe). Experiência também tenho em vendas: vendi pipas e jornal velho no mercado pra juntar “algum” pra pipoca na missa das crianças.

Cursei todas aquelas escolas que todo mundo vai. Fiz lição de casa, mas confesso que muitas vezes copiei daquelas meninas lá da frente, embora elas não confessem que a recíproca fez-se verdadeira noutras vezes. Fiz desde “massinha” com Ki-suco até robozinho em feira de ciências, mas dava trabalho mesmo com a tal da matemática e a tabuada, e escrevia longos poemas e cartas que nunca foram publicados, e, nacredito, nem lidos pelas destinatárias.

Até na faculdade fui também, e apensar das festas e afins, o que fiz, nacredito, eu fiz direito. Freqüentei também palestras, simpósios, congressos, e discuti temas polêmicos, não somente em mesa de bar, acompanhado de bons amigos e aperitivos (salve a costela na brasa do “Panela de Barro”).

Tenho Shakespeare em pasta destacada no meu “desktop”, espécie de livros de cabeceira. Li ainda os livros que viraram best-sellers, e tantos outros que duvido que venderam algo, bem como todas aquelas revistas enquanto freqüentava o barbeiro (meu avô dizia que homem ia ao barbeiro, mulher ao cabeleireiro, mal sabe ele que hoje minha esposa é quem faz as vezes do barbeiro).

Meus conhecimentos práticos envolvem, trocadilhos à parte, praticamente de tudo um pouco, apenas ainda não assovio chupando cana, talvez a idade e uma bela dentadura me possibilite tal feito um dia, quando estiver bem velinho, jogando baralho no quiosque da pracinha e lambrando nostálgico dos anos 80 e 90. Enquanto isso não chega, ainda vale um lembrete, fiz tudo que um jovem já fez na vida, e digo mais, fui escoteiro, remei minha própria canoa até agora.

E de mais a mais, ante ao recheio deste currículo tenho gabarito pra pleitear meu lugar ao sol, fator 36 na pele, nada de óculos escuros pra não marcar os olhos, mas com direito à vara e caniço, rede e refresco, milho verde e amendoim torradinho, tudo nos conformes, ante aos meus anseios e necessidades, e toda aquela conversa de realizações e coisa e tal, isso tudo vendo o mulheril passar, aguardando ansiosamente que nossos filhos tenham os pais ricos e as mães maravilhosas!

* Texto escrito nos idos de 2010.

sexta-feira, março 23, 2012

FILOSOFIA DE BUTECO # 2

Mea culpa! Bebi somente por que o bar estava aberto! Porque se estivesse fechado eu ... bem, eu..., eu acho que procurava outro!

Continuemos com nossas despretensiosas linhas sobre filosofia de buteco, sempre tão profunda quanto um pires, quiçá um prato raso.

Dia destes ouvi essa assertiva em mesa qualquer: “eu cavo, tu cavas, ele cava... não é bonito, mais é profundo!” Bom, nem preciso maiores comentários acerca dessa frase assaz esclarecedora. Agora vamos ao que realmente é sério.

E já que estávamos a falar de coisas profundas, vamos às vantagens levantadas em pesquisa séria do instituto “datachopp”, de se ter criança pequena e cachorro em casa, e a campeã em preferência foi a possibilidade de escovar os dentes, vez ou outra com a pasta Tandy Uva, e lavar os cabelos com shampoo anti-pulgas, se non é vero!?

Mas já que estamos a falar da seriedade dos assuntos assuntados em mesa de bar, em Minas a tradição butequeira respeita os boêmios, como também fora um tempo assim no Rio de Janeiro, exímios admiradores dos conhecimentos adquiridos nas noites de meu bem, e nos dias de sol nascente. Isso porque lá o povo já apreendera que é lícito e politicamente correto discutir ou filosofar sobre assunto que vinha sendo letrado na mesa ao lado, sem maiores delongas ou boiolagens acadêmicas e epistotélicas.

Eis que vez ou outra tem um engraçadinho que grita: “- Hoje não vou tomar uma não, dizer isso é coisa de viado, vou beber é todas...” e lá se vai por água abaixo toda a seriedade exigida em discussões acaloradas ao redor da tulipa sagrada.

E já que o assunto preferido ou é cerveja ou é mulher (e vez ou outra futebol), nunca necessariamente nesta (obrigatória) ordem, com essa estória de que ta proibida no Brasil a venda de próteses de silicone, a solução é recorrer pra “25 de março” e aproveitar as promo de lá: “leve três peitolas e pague duas”... mais vale três do cambio negro do que nenhuma “original”.

Por falar em futiba, soltaram essa pérola entre uma e outra caldereta: Chalita, candidato à prefeito em Sampa já tem apoio de católicos e evangélicos, resta agora apoio da torcida do Curíntia, hehe, se non é vero!?

Política, adoro política! Ando sentindo falta de uma primeira dama lá pros lados de Brasília, ou será que vocês não concordam comigo, na época do Lula Molusco pelo menos havia alguém pra nos entreter entre um e outro “óbvio lulante”... agora só cai Ministro... que graça tem isso? Nem a oposição tem se valido deste achádego!

Piada contra quem faz piada: o Didi, vulgo Renato Aragão, ganhou dia destes o troféu “Rapadura” no prêmio Risadaria 2012 em alusão a sua carreira, e eis que lhes pergunto: será que ele ainda tem dentes pra degustar a iguaria? Ainda, sabem o que ele perguntou quando ficou sabendo que estava concorrendo ao prêmio? “Cuma?” E não para por aí, quem entregou o prêmio foi nada menos que o macho-alfa-beta-gama Falcão... e aí foi uma briga pra ver quem era o mais bonito, bem como pra ver quem ficava com a rapadura nossa de todo dia.

Me lembrei do Didi porque naquela época as piadas eram justamente sobre as minorias e coisa e tal (negros, nordestinos, carecas, gays), e acabamos concluir em mesa de bar que hoje não se pode nem contar piada de portuga que o dona da padaria já vai lá e faz B.O. por discrininação, que dizer então dos outros “bichinhos” e outros personagens que povoam nossas anedotas? Nacredito! Por fim, achamos por bem lembrar que fazer uma simples piada ou brincadeira jocosa nunca deve agredir qualquer classe social. Piadas com respeito, pelamordedeus!

Veio outra rodada, e entoamos nosso mantra sagrado: “já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”. Saúde!

sexta-feira, março 02, 2012

FILOSOFIA DE BUTECO # 1

Mea culpa! Bebi somente por que o bar estava aberto! Porque se estivesse fechado eu ... bem, eu..., eu acho que ia pra padaria!

Vamos aqui a umas linhas sobre filosofia de buteco (sim ela existe), e é quase sempre tão profunda quanto um prato raso. São histórias que nos dizem muito sobre a condição humana e esta relacionada intrinsecamente ao comportamento masculino. Apenas as conclusões ainda não são lá muito satisfatórias ou resolutivas, se non é vero!?

Primeiramente é de grande valia descrever o ambiente em que nossos devaneios brotam de nossas cabeças pensantes e copo com dois dedos de colarinho: o bar, o boteco ou botequim. Logo te pergunto, existe diferença entre essas terminologias? Of course meus caros companheiros de copo americano. Bar é estabelecimento onde se bebe (ah vá!), geralmente, em pé ou em bancos junto ao balcão e trocando meias verdades com o “vendero”, enquanto Boteco é derivação diminutiva da palavra Botequim, que por sua vez deriva de Bothega, antiga lojinha que vendia de tudo e por isso, enquanto se fazia uma compra, se entornava uns goles e mastigava um tremoço pra salgar a boca e alegrar os 32 dentes, ou quantos quer que sejam no seu caso.

Feita a explicação do vocábulo bar e suas terminologias, o “fundo de cena” destes locais é sempre o mesmo, ou seja, garrafa, copos, bolachas de chopp, “menduim torradim”, homens e mulheres sedentos de bebidas e algo mais, e, como não estamos no campo pra dizer que é o ambiente é bucólico, me arriscaria a dizer que é um tanto quanto “butecólico”. Sei que poderia ter tido outra sorte quanto a essa terminologia, mais não pude perder a semelhança entre as palavras.

A regra número um dos seguidores da seita do boteco perdido é a elegância. Explico: não me venham com essa conversa de que vamos encher a cara de cerva num boteco de esquina qualquer. Isso é degradante à boemia, bem como pode ter interpretações um tanto quanto discriminatórias. Sejamos elegantes, ou seja, o termo correto a ser usado é que “vamos, e ali permaneceremos enquanto nos apetecer, a uma degustação de bebidas em estabelecimento, deveras aprazível, confortavelmente localizado em cruzando de singela rua com vistosa avenida”. Pronto, ficou chique não? Duvido que num primeiro momento alguém vá lhe criticar. E, ademais, isso é uma prova de que elegância, nalgumas vezes é apenas uma questão de semântica.

Mais, sem querer soar muito clichê, mais já o fazendo, o bar e suas companhias é bom mesmo para desanuviar as tensões provocadas pelo estresse acumulado do dia-a-dia “claustrofóbico” (!), e pra um “sem número” de outras finalidades que alguém conseguir enumerar

O boteco, pode-se concluir, enquanto ambiente fraterno, é lugar de rever os amigos e por a conversa em dia, estudar os inimigos, fazer novos (tanto estes, quanto àqueles), ver o mulheril passar cheio de graça, e por que não, vez ou outra se apaixonar por aqueles olhos verdes que faz qualquer chopp esquentar de tanta atenção que merecerem de nossos cansados olhos predadores.

Outro amigo me dizia dia destes (repararam como eu só fico ouvindo, ou que nunca acontece comigo?) que filosofia de boteco não pode ficar escondida debaixo de alguma bolacha de chopp, esperando pra ser redescoberta, visto que a mesma é condição essencial à esclarecer os maiores questionamentos da mente macho-humana, e lógico que estávamos à falar da inquietação do bicho-fêmea e as várias formas de acasalamento, se non é vero!?

Assim já dizia um amigo: “já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”. Saúde, e que seus filhos tenham, assim como o meu, o pai rico e este encontre uma esposa maravilhosa!

quinta-feira, março 01, 2012

DEJAVU*

Nacredito, parem o mundo que eu quero descer, e olha que eu nem peguei o bonde andando, mas sentei na “janelinha”...

Como as vezes as coisas acontecem como num surpreendente “Dejavu”. Talvez até quem esteja lendo estas linhas, também sinta pairar no ar tal impressão, afinal são coisas que acontecem em nosso dia-a-dia.

Muitos são os que tentam explicar este fenômeno: encontrar ou conhecer alguém que, lá no fundo, juramos já tê-la visto em algum ordinário lugar, em um passado indefinido. Isso sem se levar em conta àqueles que usam desta artimanha como uma já manjadíssima cantada. Mas ao certo mesmo, na ocorrência destas coincidências, só vislumbro o acontecimento de mais uma das grandes coincidências em nossa vida, pois pra mim, as explicações teológicas, espiritualistas, ou qualquer outra metafísica, são todas questionáveis...

Ilustremos com outros exemplos: já vi filmes na TV, ao qual tinha certeza de te-lo visto anteriormente, e no entanto, mais tarde, acabei por concluir que nunca o vira antes, acho que neste caso o roteiro pode ter sido “mais ou menos” parecido com outro qualquer, afinal de contas, vivo a me perguntar de onde surgem tantas idéias em Hollywood?

Me intriga muito quando alguém te conta algo, que vai se encaixar justamente com alguma coisa que já ouvira anteriormente, pela boca de outra pessoa totalmente estranha a primeira, algo tipo te trazerem as respostas/certezas sobre algo que restavam dúvidas. Caso neste caso, não seja o poder do acaso, pode-se concluir com a ocorrência de uma tremenda criação de caso. Isto é, ou temeremos uma coincidência, ou, nacredito, aí sim teremos uma fofoca.

E nos relacionamentos? Dejavu! É sempre, ou na maioria das vezes, procedimental o comportamento nosso ante a conquista e convívio com os pares. Por mais que façamos diferente o que antes fazíamos, não nos sai da mente comportamentos e os toques à pele da antiga “metade igual”. Ou vai me dizer que já não se pegaram comparando, mesmo que para si próprio, o beijo, ou o queixo desta e daquela, bem como o quanto ficam belas quando implicam conosco? E só pra encerrar este tópico “relacionamentos”, e aquela musica, que vocês nunca escolheram para si, mas quando toca surgem aqueles grandes olhos no pensamento, acompanhado do aroma de seus cabelos. São lembranças, nada mais. Mas, se então, você aí, sentir saudades (nacredito), são outros “quinhentos”, e não me responsabilizo...

É, elas ocorrem. As coincidências do cotidiano, sejam as que ocorrem com você, ou até com alguém que te contou algo (porque alguém sempre tem uma pra contar), inundam o dia-a-dia, e acabamos as vezes por nos questionar: NACREDITO, porque me parece que já vi isso antes? Está vendo, em um mundo tão grande elas acontecem aos milhares, tanto comigo quanto com você, bem como com o seu Manoel da padaria, a gente é que acaba não notando.

Reflita um pouco, você pode até nunca ter se dado conta disso, mas ao terminar esta leitura, verá que ela nada te trouxe de novidade, fora tudo apenas relembrado a você. Não é? Então, Dejavu!

Que tal outro dejavu? É, são os meus reiterados desejos para que nossos filhos, assim como o meu, tenha o pai rico, e este uma esposa maravilhosa.


* Déjà vu ou Déjà vi, ora escrito de forma "aportuguesada" é uma reação psicológica fazendo com que sejam transmitidas ideias de que já esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo; O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, já visto.