quinta-feira, maio 31, 2012


FILOSOFIA DE BUTECO # 10 - ODE À CERVEJA
  
Mea culpa, oh my God! Na mesa do bar tinha uma cerveja, tinha uma cerveja na mesa do bar. Tinha (sim) uma cerveja. Na mesa do bar tinha uma cerveja, logo, tornei a beber!
Mas caro Drummond, deveras não poderia também ter sido lá um chopp? Creio que sim, senão vejamos: filosofia de buteco, mais um grande passo para a humanidade, ou singela dose de tequila pra cada um de nós.
Em que pesem todos estes malogrados estudos e pesquisas que vira-e-mexe apontam os benefícios de se beber cerveja e coisa e tal, eu fico mesmo com as assertivas do instituto data-chopp, apontando que este aprazível líquido é o único que proporciona os melhores momentos de integração social, que coca-cola nenhuma é capaz de fazer. Agregue ao seu sabor o charme do copo americano, o inigualável “amendoin torradim”, a contagiante batucada e o deslumbrante mulheril desfilante e chegaremos ao seu poderio potencializado ad infinitum.
Concluímos que a cerveja pode muito bem sanar todos os problemas da humanidade, senão vejamos alguns, apenas pra exemplificar (nada de números clausus): se fosse cerveja que Jesus tinha multiplicado não restariam problemas no oriente médio; o efeito da cerveja é melhor que o de lexotan, idem se comparado ao Activia pro intestino, bis in idem pra granola e afins; é o gatorade dos ociosos, até porque não acumula nos rins sais minerais e blá blá blá. Salute!
O malte todo reluzente devidamente protegido pela espuma pura e alva, ora nos beija a boca seca, ora inda nos mata após o gozo e outras sortes. Mas não se enganem, é ainda a materialização da alegria e a diluição de todos os percalços do dia a dia e cálculos do sapato e da nossa malograda economia. Perfeição gaseificada e fermentada.
Bóra garçom, que elas venham logo assim como os seios generosos, sempre aos pares, e transbordantes, já que uma só, e miséria pouca é bobagem. Companheira ideal pro antes, durante e pós futebol, sexo e pro tal de rock’n roll, sertanejo e vanerão (“tão pedindo um vanerão, tão pedindo um vanerão...”, entoaria o bom Gaúcho fronteiriço), se non é vero!?
Sabedouros de que todos têm sempre uma desculpa qualquer pra beber, ou uma queixa do garçom, decerto é certeza cartesiana (embora redundância quase pleonástica) que uns bebem mesmo é porque gostam, e outros tantos porque apreciam, e tão poucas outras coisas nos fazem felizes como o copo em riste ladeado por amigos e assuntos quaisqueres, sorrisos embriagados e visões um tanto quanto tortas ou perturbadas da vida, se é que vocês me entendem!?
Resta escrito nas entrelinhas da tampinha que a cerveja é a prova liquida de que Deus nos ama e nos quer ver felizes, desde sempre predestinados a todas as sortes da mágica proporcionada nas profundezas dos fungos e leveduras da amálgama dos destinos daqueles, que como nós, nutrem laços desta refrescante amizade parida por sobre as bolachas e guardanapos de papel em mesa de bar.
Shakesperando nosso amor nesta ode à cerveja, sobrevivemos ante ao calor, tal qual a tempestade, com bravura, não temendo o tempo, que não nos poupa a mocidade, e nosso amor transforma-se copo à copo, em busca da eternidade. 
Eis então o espírito não apenas de um século, mais sim de todo o Templo!
Sim, o “ser ao invés da dúvida do não-ser”, ainda mais que incertos todos os dias, e certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer! Ave William!

quinta-feira, maio 24, 2012


FILOSOFIA DE BUTECO # 9

Mea culpa, sou réu confesso! “Peguei, virei, aprovei e gostei, tornei a beber no mesmo lugar (ou seja, o bar!)..., timtim, timtim, timtim párará, timtim”!
Filosofia de buteco, quem já está acostumado sabe como é, quem não está também sabe, afinal de contas todos “entornam” umas, mesmo que no bar da esquina, e assuntam sobre a aventura da vida cotidiana.
E falando na aventura da vida (a alheia então sempre parece mais interessante que a nossa, se non é vero?), estávamos até agora a discutir o som das palavras, ou seja, que algumas palavras tem um som legal de se pronunciar e outras tantas nem são assim tão aprazíveis aos nossos ouvidos. Quer um exemplo clássico disso? A palavra SOVACO, ou a sua corruptela popularesca SUBACO, é feia pra caramba. Nem vem tanto ao caso seu significado semântico, ou localização e odores afins, estamos a falar do tal do “vale quanto pesa”, se é que vocês me entendem? Isso sem contar que a gente nunca sabe realmente se fala o tal do SOVACO ou SUBACO quanto quer se referir às axilas. Ou será que tal fenômeno só ocorre em nossa mesa, que aguarda impacientemente mais uma rodada daquele coberto por três dedos de creme. Garçom, cadê você meu filho!?
Acabamos por concordar, de outra sorte, que uma das palavras mais gostosas de se dizer, e coincidências à parte, é a (palavra) BUNDA. O “bum” tônico desta paroxítona vem agradando nossa gente há bem mais de várias décadas, isso desde nossa adolescência e coisa e tal, e todas as espinhas na cara. Não há nada como uma boa e sonora BUNDA! Repitam comigo: BUN – DA!
A maioria dos xingamentos que usamos no day by day também entram nessa classe, e são tão prazerosas quanto uma boa bunda. Não concordam?
Mais deixemos as palavras pra trás, e vamos em frente com os devaneios de nossas mentes etílicas. Notaram como, impreterivelmente, gostamos de ser nostálgicos? Mais antes mesmo que você torça o nariz achando que vou vir com aquele “convercê” torto e  chato afirmando que “no meu tempo era assim ou assado”, já vou logo finanlizando esse tópico, ou seja, lembrei disso apenas pra afirmar que este tempo de agora é sim tudo de bom (e não que o passado era melhor), e que daqui a 10 ou 20 anos vamos nos relembrar destas conversas regadas à chopp e olhadelas na mesa ao lado, concluindo apenas e tão somente, por fim, de que tudo na vida pode melhorar e de que o tempo opera maravilhas no ser humano, até mesmo em nós, machos-alfa dominadores (!) da espécie.
E eis que em meio a uma dessas dúzias de assuntos que se perdem no ar em fração de segundos, lembrei de minha avó, que após um destes sustos que os mais velhos costumam nos dar após uma complicada cirurgia, veio toda curiosa me perguntar como estava o nosso “curintcha” na libertadores: “não me esconda nada, quero saber a verdade heim! To preparada pro pior”, hehehe. As avós são como Aristóteles para os filósofos, ou seja, estão sempre à frente de nosso tempo, e de nada importa a idade e não terem idéia do que é um “iPhone”! Segundo elas mesmo, não deve ser lá coisa tão moderna assim, afinal ta até escrito com “PH”, lembrando até a pharmacia do século passado, antes mesmo do nascimento delas. Discorde quem tem coragem: as avós são ou não as propagadoras de toda a genialidade humana!?
E hoje nós, a metade do bar, estamos todos muitos contentes porquê o timão foi pra semifinal da Libertadores, e a outra metade mordendo o próprio rabo pelos mesmos motivos! Que venha o Santos, já que incertos todos os dias, e certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”... Se é que eles têm coragem!

quinta-feira, maio 17, 2012


FILOSOFIA DE BUTECO # 8

Mea culpa! Chamou truco eu grito “seeeeis ladrão!” Depois dessa tenho mesmo é que tomar outra lata. Ou seja, bebi de novo porque tinha churrasco com truco, porque se fosse sanduíche com churrasquinho grego eu tomava uma tubaína!
Filosofia de buteco, nossas dúvidas e comportamentos colocados à prova dos nove, bem longe das “fessoras” de matemática e embaladas por muita cerva gelada. Aí sim heim!?
E tem um amigo meu que diz que estabilidade é coisa pra carro, ou seja, ninguém ta e muito contente com o que tem naquele momento. Explico: loira quer ser morena, “crespa” quer chapinha e escova, lisinha uns cachos e tal, (tem muito) homem que quer ser mulher (lembrem-se, somos macho-alfa, portanto não corremos esse risco desnecessário, e sem cabimento, convenhamos!), solteiro quer casar, casado quer ensolteirar e assim por diante. Ta vendo, ele tem lá suas razões, i.e., estabilidade é coisa pra carro mesmo, e não se fala mais nisso, oka? E já que estávamos a falar dos famigerados e mui invejados solteiros, acabamos por concluir, ainda com “bigode” de chopp por sobre o lábio superior, que o melhor de tudo em ser solteiro é poder escolher de que lado da cama levantar todos os dias, o resto é conversa fiada. Se non é vero...
Como se vê, a noite tinha tudo pra ser outra destas desperdiçadas se não fosse o “amendoim torradin” e as cervejas, quase congelando em face ao frios destas ultimas noites.
Mais pra mostrar que os assuntos da noite não iam ser discutidos em vão, travamos um empolgado debate onde concluímos que essa gente que diz “um beijo no coração, e blá blá blá” só perde mesmo pra quem faz “coraçãozinho com as mãos”, deixando em terceiro lugar, quase que comendo poeira, àqueles outros ilustres personas que agradecem com as mãos unidas, quase que rezando uma “Ave Maria”. Deixa pra lá, nem vamos perder tempo em dizer que esse gesto, das mãos juntas serve para mostrar submissão ao império e dominação romana e coisa e tal. Ia ficar muito geek o papo.
Em meio a outro pedido pro garçom, e não sabíamos se vinha chopp ou cerveja, aí então o papo descambou pra uma discussão sempre recorrente (redundância necessária), ou seja, passamos boa parte do tempo discutindo o que é melhor, o magnânimo chopp ou a estupenda cerveja? Só pra variar, depois de umas duas ou três rodadas, pra se ter certeza melhor do voto de cada um, acabamos por não chegar a conclusão nenhuma, o que nos resta a dizer que ficou pra alguma outra noite essa dúvida cruel. Quem sabe pra uma daquelas noites verão!?
Enquanto devaneávamos sobre a dúvida cartesiana do “chopp ou cerveja”, na mesa ao lado, um casal muito do cara-de-pau trocou o chopp mais cremoso da cidade por (pasmem!) uma Coca-Cola e dois canudos! Nacredito! É o cúmulo do casal ‘perdedor’: sair pra tomar uma “coquinha no canudinho” e DR a noite toda (leia-se “dê érrê”, ou o popular “discutir a relação”), em meio aos palitinhos da batata frita.
E já que falávamos de “dê erre”, e nos lembrando de que macho-alfa não pode “emboiolar” (se que vocês me entendem?), e ante a tudo que já havíamos bebido, veio a dúvida que não quer até agora calar: existe “gay-alfa” ou “lésbica-alfa”? Mistério! A dúvida é relevante se levarmos em consideração que, embora na condição machos-alfa, somos sabedouros de que as mulheres que costumam mandar nas relações (se non é vero!?), mas e se o gay-alfa tem um “quê” de bicho-fêmea, então qual das duas, ops, dos dois manda na manada? Hum... isso deve ser igual o tal do “sexo dos anjos”, ou seja, anjo é anjo, ponto final e não se fala mais nisso.
Levantem o copo na altura dos olhos e bradem a última rodada: Saúde aos ébrios de coração (nada de beijinho no coração heim!) e, já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”!

sexta-feira, maio 11, 2012


 FILOSOFIA DE BUTECO # 7

Mea culpa! Foi meio que “bis in idem”, ou seja, bebi novamente, mais também, o bar tinha que estar aberto, oras-bolas? Eu sei, eu sei, se não estivesse aberto eu, com toda certeza, teria uma latinha gelada ou uma long neck sobrante na geladeira! Vai saber...
Filosofia de buteco, as maiores dúvidas da humanidade diluídas entre as borbulhas da cerveja e degustadas como tremoço e amendoim torradinho, verdadeira ambrosia de nossas odes à Baco e às noites de meu bem.
Nosso templo adorado, o bar, enquanto lugar onde encontramos os maiores prazeres do homem contemporâneo (mulher, futebol, cerveja e pistache – não necessariamente nesta ordem) é o verdadeiro paraíso moderno. Verdadeiro Éden e jardim das delícias com Eva à ser contemplada em plena sombra da macieira, ou mesmo perto da janelinha. Cobra danada a açoitar de pecados os machos-alfas bem aventurados!
O balcão do bar é realmente o local de recompensa de nossas almas, isso antes da morte de nossos corpos, o pódio onde recebemos a coroa de louros, em homenagem à Apolo, Deus que apaga a luz, e manda rolar o som a noite toda.
Shangrilá da convivência harmoniosa entre a cevada e puro malte, é o nosso paraíso oculto aos olhos de nossas progenitoras. Amém, e que assim seja, hehe!
Verdadeiro Monte Olimpo, não mais ocupado pelo panteão de deuses e semi-deuses, agora tão somente por nós sedentos mortais e algumas semi-deusas ligadas ao mundo terreno sabe-se lá por quê “cargas d’agua” de motivos. Só pode ser sacagem dos deuses “né não!?”
Enquanto uns preferem o paraíso pelo clima, e outros o inferno pela companhia, fico com o bar por mera questão de capricho e garantia do chopp geladinho: “três dedos de creme por favor!” Néctar dos réles mortais, se non é vero!?
Agora entendo o “esvaziar da mente que adentra ao paraíso” caro Alighieri. E dantes, oh! Dante, eu não compreendia a tua Divina Comédia mesmo de olhos fixos neste firmamento de meu Deus!
Coincidências à parte, ou se preferirem, “serendipity” ou ainda “maktub”, ouço mentalmente Paradise (do sanscrito “pairi-daeza”) do Coldplay, e faço deste local frugal bem mais que um país ou local supremo, afinal de contas o acaso sempre favorece as mentes e caipirinhas (bem) preparadas. Isso realmente poderia ser um “para-para-paraíso!” (se é que vocês me endentaram?).
Evoé! Peçamos ainda outra rodada das sacrosantas beberagens de cevada em oferta à Baco e aos descendentes de Noé, os legítimos proprietários dos Campos Elíseos, eterno repouso dos nossos heróis, santos, sacerdotes, poetas e deuses, e ora peço vênia para acostar às folhas do junco nossos cantores e boêmios, os legítimos possuidores da tradição do copo em riste e saudação em mesa solene e célebre de bar.
Em nosso cotidiano ritual onírico, agraciados pelo mito e bênçãos, da mesma forma aos que produzem o vinho, agradecemos à Dionísio alegremente a também proteção do lúpulo, do malte, do arroz, da cana e todas especiarias que vertem líquidos à comemoração, extasiamento e paladar dos homens, não apenas do vinho de cor translúcida e aroma frutado que montam os jarros e odres que nos fronteiam os olhos.
E dantes se possa findar essa ode aos deuses e os templos que nos montam esquinas e juntam engradados com 24 vasilhas vazias, of course, questiono atônito se um deus qualquer já deve ter mentalizado, vez ou outra, o nosso mantra sagrado e inspirador: “já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”!? Se non é vero, ao menos é ficto! E cosi!