sexta-feira, maio 11, 2012


 FILOSOFIA DE BUTECO # 7

Mea culpa! Foi meio que “bis in idem”, ou seja, bebi novamente, mais também, o bar tinha que estar aberto, oras-bolas? Eu sei, eu sei, se não estivesse aberto eu, com toda certeza, teria uma latinha gelada ou uma long neck sobrante na geladeira! Vai saber...
Filosofia de buteco, as maiores dúvidas da humanidade diluídas entre as borbulhas da cerveja e degustadas como tremoço e amendoim torradinho, verdadeira ambrosia de nossas odes à Baco e às noites de meu bem.
Nosso templo adorado, o bar, enquanto lugar onde encontramos os maiores prazeres do homem contemporâneo (mulher, futebol, cerveja e pistache – não necessariamente nesta ordem) é o verdadeiro paraíso moderno. Verdadeiro Éden e jardim das delícias com Eva à ser contemplada em plena sombra da macieira, ou mesmo perto da janelinha. Cobra danada a açoitar de pecados os machos-alfas bem aventurados!
O balcão do bar é realmente o local de recompensa de nossas almas, isso antes da morte de nossos corpos, o pódio onde recebemos a coroa de louros, em homenagem à Apolo, Deus que apaga a luz, e manda rolar o som a noite toda.
Shangrilá da convivência harmoniosa entre a cevada e puro malte, é o nosso paraíso oculto aos olhos de nossas progenitoras. Amém, e que assim seja, hehe!
Verdadeiro Monte Olimpo, não mais ocupado pelo panteão de deuses e semi-deuses, agora tão somente por nós sedentos mortais e algumas semi-deusas ligadas ao mundo terreno sabe-se lá por quê “cargas d’agua” de motivos. Só pode ser sacagem dos deuses “né não!?”
Enquanto uns preferem o paraíso pelo clima, e outros o inferno pela companhia, fico com o bar por mera questão de capricho e garantia do chopp geladinho: “três dedos de creme por favor!” Néctar dos réles mortais, se non é vero!?
Agora entendo o “esvaziar da mente que adentra ao paraíso” caro Alighieri. E dantes, oh! Dante, eu não compreendia a tua Divina Comédia mesmo de olhos fixos neste firmamento de meu Deus!
Coincidências à parte, ou se preferirem, “serendipity” ou ainda “maktub”, ouço mentalmente Paradise (do sanscrito “pairi-daeza”) do Coldplay, e faço deste local frugal bem mais que um país ou local supremo, afinal de contas o acaso sempre favorece as mentes e caipirinhas (bem) preparadas. Isso realmente poderia ser um “para-para-paraíso!” (se é que vocês me endentaram?).
Evoé! Peçamos ainda outra rodada das sacrosantas beberagens de cevada em oferta à Baco e aos descendentes de Noé, os legítimos proprietários dos Campos Elíseos, eterno repouso dos nossos heróis, santos, sacerdotes, poetas e deuses, e ora peço vênia para acostar às folhas do junco nossos cantores e boêmios, os legítimos possuidores da tradição do copo em riste e saudação em mesa solene e célebre de bar.
Em nosso cotidiano ritual onírico, agraciados pelo mito e bênçãos, da mesma forma aos que produzem o vinho, agradecemos à Dionísio alegremente a também proteção do lúpulo, do malte, do arroz, da cana e todas especiarias que vertem líquidos à comemoração, extasiamento e paladar dos homens, não apenas do vinho de cor translúcida e aroma frutado que montam os jarros e odres que nos fronteiam os olhos.
E dantes se possa findar essa ode aos deuses e os templos que nos montam esquinas e juntam engradados com 24 vasilhas vazias, of course, questiono atônito se um deus qualquer já deve ter mentalizado, vez ou outra, o nosso mantra sagrado e inspirador: “já que incertos todos os dias, certeza mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”!? Se non é vero, ao menos é ficto! E cosi!


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