FILOSOFIA DE
BUTECO # 7
Mea culpa! Foi meio que “bis in
idem”, ou seja, bebi novamente, mais também, o bar tinha que estar aberto, oras-bolas?
Eu sei, eu sei, se não estivesse aberto eu, com toda certeza, teria uma latinha
gelada ou uma long neck sobrante na geladeira! Vai saber...
Filosofia de buteco, as maiores
dúvidas da humanidade diluídas entre as borbulhas da cerveja e degustadas como
tremoço e amendoim torradinho, verdadeira ambrosia de nossas odes à Baco e às
noites de meu bem.
Nosso templo adorado, o bar,
enquanto lugar onde encontramos os maiores prazeres do homem contemporâneo
(mulher, futebol, cerveja e pistache – não necessariamente nesta ordem) é o
verdadeiro paraíso moderno. Verdadeiro Éden e jardim das delícias com Eva à ser
contemplada em plena sombra da macieira, ou mesmo perto da janelinha. Cobra
danada a açoitar de pecados os machos-alfas bem aventurados!
O balcão do bar é realmente o
local de recompensa de nossas almas, isso antes da morte de nossos corpos, o
pódio onde recebemos a coroa de louros, em homenagem à Apolo, Deus que apaga a
luz, e manda rolar o som a noite toda.
Shangrilá da convivência
harmoniosa entre a cevada e puro malte, é o nosso paraíso oculto aos olhos de
nossas progenitoras. Amém, e que assim seja, hehe!
Verdadeiro Monte Olimpo, não mais
ocupado pelo panteão de deuses e semi-deuses, agora tão somente por nós
sedentos mortais e algumas semi-deusas ligadas ao mundo terreno sabe-se lá por
quê “cargas d’agua” de motivos. Só pode ser sacagem dos deuses “né não!?”
Enquanto uns preferem o paraíso
pelo clima, e outros o inferno pela companhia, fico com o bar por mera questão
de capricho e garantia do chopp geladinho: “três dedos de creme por favor!”
Néctar dos réles mortais, se non é vero!?
Agora entendo o “esvaziar da
mente que adentra ao paraíso” caro Alighieri. E dantes, oh! Dante, eu não
compreendia a tua Divina Comédia mesmo de olhos fixos neste firmamento de meu
Deus!
Coincidências à parte, ou se
preferirem, “serendipity” ou ainda “maktub”, ouço
mentalmente Paradise (do sanscrito “pairi-daeza”) do Coldplay, e faço deste
local frugal bem mais que um país ou local supremo, afinal de contas o acaso
sempre favorece as mentes e caipirinhas (bem) preparadas. Isso realmente
poderia ser um “para-para-paraíso!” (se é que vocês me endentaram?).
Evoé! Peçamos ainda outra rodada
das sacrosantas beberagens de cevada em oferta à Baco e aos descendentes de
Noé, os legítimos proprietários dos Campos Elíseos, eterno repouso dos nossos heróis, santos, sacerdotes, poetas e
deuses, e ora peço vênia para acostar às folhas do junco nossos cantores e
boêmios, os legítimos possuidores da tradição do copo em riste e saudação em
mesa solene e célebre de bar.
Em nosso cotidiano ritual onírico, agraciados pelo mito e
bênçãos, da mesma forma aos que produzem o vinho, agradecemos à Dionísio
alegremente a também proteção do lúpulo, do malte, do arroz, da cana e todas
especiarias que vertem líquidos à comemoração, extasiamento e paladar dos
homens, não apenas do vinho de cor translúcida e aroma frutado que montam os
jarros e odres que nos fronteiam os olhos.
E dantes se possa findar essa ode aos deuses e os templos que
nos montam esquinas e juntam engradados com 24 vasilhas vazias, of course, questiono atônito se um deus
qualquer já deve ter mentalizado, vez ou outra, o nosso mantra sagrado e
inspirador: “já que incertos todos os dias, certeza
mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer”!? Se non é vero, ao menos
é ficto! E cosi!
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