FILOSOFIA DE BUTECO # 10 - ODE À CERVEJA
Mea culpa, oh my God! Na mesa do bar tinha uma cerveja, tinha uma cerveja na mesa
do bar. Tinha (sim) uma cerveja. Na mesa do bar tinha uma cerveja, logo, tornei
a beber!
Mas
caro Drummond, deveras não poderia também ter sido lá um chopp? Creio que sim,
senão vejamos: filosofia de buteco, mais um grande passo para a humanidade, ou
singela dose de tequila pra cada um de nós.
Em que
pesem todos estes malogrados estudos e pesquisas que vira-e-mexe apontam os
benefícios de se beber cerveja e coisa e tal, eu fico mesmo com as assertivas
do instituto data-chopp, apontando que este aprazível líquido é o único que
proporciona os melhores momentos de integração social, que coca-cola nenhuma é
capaz de fazer. Agregue ao seu sabor o charme do copo americano, o inigualável
“amendoin torradim”, a contagiante batucada e o deslumbrante mulheril desfilante
e chegaremos ao seu poderio potencializado ad infinitum.
Concluímos
que a cerveja pode muito bem sanar todos os problemas da humanidade, senão
vejamos alguns, apenas pra exemplificar (nada de números clausus): se fosse cerveja que Jesus tinha multiplicado não
restariam problemas no oriente médio; o efeito da cerveja é melhor que o de
lexotan, idem se comparado ao Activia pro intestino, bis in idem pra granola e
afins; é o gatorade dos ociosos, até porque não acumula nos rins sais minerais
e blá blá blá. Salute!
O malte
todo reluzente devidamente protegido pela espuma pura e alva, ora nos beija a
boca seca, ora inda nos mata após o gozo e outras sortes. Mas não se enganem, é
ainda a materialização da alegria e a diluição de todos os percalços do dia a
dia e cálculos do sapato e da nossa malograda economia. Perfeição gaseificada e
fermentada.
Bóra
garçom, que elas venham logo assim como os seios generosos, sempre aos pares, e
transbordantes, já que uma só, e miséria pouca é bobagem. Companheira ideal pro
antes, durante e pós futebol, sexo e pro tal de rock’n roll, sertanejo e
vanerão (“tão pedindo um vanerão, tão pedindo um vanerão...”, entoaria o bom
Gaúcho fronteiriço), se non é vero!?
Sabedouros
de que todos têm sempre uma desculpa qualquer pra beber, ou uma queixa do
garçom, decerto é certeza cartesiana (embora redundância quase pleonástica) que
uns bebem mesmo é porque gostam, e outros tantos porque apreciam, e tão poucas
outras coisas nos fazem felizes como o copo em riste ladeado por amigos e
assuntos quaisqueres, sorrisos embriagados e visões um tanto quanto tortas ou
perturbadas da vida, se é que vocês me entendem!?
Resta
escrito nas entrelinhas da tampinha que a cerveja é a prova liquida de que Deus
nos ama e nos quer ver felizes, desde sempre predestinados a todas as sortes da
mágica proporcionada nas profundezas dos fungos e leveduras da amálgama dos
destinos daqueles, que como nós, nutrem laços desta refrescante amizade parida por
sobre as bolachas e guardanapos de papel em mesa de bar.
Shakesperando
nosso amor nesta ode à cerveja, sobrevivemos ante ao calor, tal qual a
tempestade, com bravura, não temendo o tempo, que não nos poupa a mocidade, e
nosso amor transforma-se copo à copo, em busca da eternidade.
Eis então o
espírito não apenas de um século, mais sim de todo o Templo!
Sim, o
“ser ao invés da dúvida do não-ser”, ainda mais que incertos todos os dias, e certeza
mesmo somente nas nossas noites num boteco qualquer! Ave William!
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